(L-R) Mike Goldwing, Igor, Amy Gonzalez, and Frank Goldwing in the animated film, CAPTURE THE FLAG, by Paramount Pictures

Estréia: 21/04/2016

Uma rara estréia no circuito nacional, No Mundo da Lua é uma animação espanhola que segue muito da cartilha americana do gênero, mas esquece de “copiar” alguns dos pontos mais importantes.

No filme Richard Carson III, um milionário ganancioso, quer colonizar a Lua. Ele pretende apagar todos os vestígios os feitos dos astronautas da Apollo XI para poder explorar o hélio-3, a energia limpa do futuro, em benefício próprio. Para impedi-lo, a presidenta dos Estados Unidos ordena que a NASA organize o quanto antes uma nova viagem à Lua, de forma a assegurar os feitos do passado e impedir a exploração comercial do satélite. Como não há tempo de construir uma nova nave espacial, um foguete de 40 anos atrás é reaproveitado e, como ninguém sabe operá-lo, vários astronautas do passado são convocados a ajudar nesta nova empreitada. É a chance ideal para que Mike Goldwing, um garoto de apenas 12 anos, possa reaproximar seu pai, o atual astronauta Scott Goldwing, de seu avô, Frank, que abandonou a família após uma missão fracassada.

Um dos pontos que mais chamam a atenção na animação é a parte técnica, que não deixa nada a deseja aos longas americanos. Muito bem finalizada e de traços familiares, num primeiro momento, já quebra qualquer preconceito que o espectador possa ter com uma animação européia. Porém, com isso, No Mundo da Lua também não mostra muita personalidade, inclusive na escolha do tema… uma típica aventura para preservar os feitos americanos?? Filme espanhol?? Sério?? Talvez o diretor Enrique Gato devesse ter visto Festa no Céu, uma excelente animação, produzida nos Estados Unidos por um diretor e produtor mexicano sobre uma lenda mexicana, com estilo de animação bastante experimental.

No Mundo da Lua tem uma narrativa confusa e tenta costurar uma trama complexa demais para o que se espera do filme. A ideia mais interessante do longa, diz respeito a improvável aventura espacial das crianças, mas se perde na execução, falta o tom aventuresco que se exige de uma história assim. O  excesso de drama é o que mais prejudica o filme. Colocar problemas familiares relativamente pesados, como sonhos frustrados e brigas antigas  é uma pretensão que o roteiro e o diretor Enrique Gato não conseguem sustentar. A própria trilha sonora é exagerada, com acordes sempre voltados para um dramalhão que lembra novela mexicana, chega a causar constrangimento em momentos “importantes” como a parte final do filme.

O humor é tímido, falta o tempo certo das piadas, as poucas tentativas não cumprem com o objetivo, pois sempre parecem atrasadas ou recortadas de outro filme. O principal exemplo é o personagem que deveria ser o alívio cômico, o típico amigo gordinho “atrapalhado”, que aqui não funciona na hora de tirar risos, nem soa original. Assim como a maioria dos personagens, lhe falta carisma. Talvez pelo diretor Enrique Gato levar o filme a sério demais, fica difícil se divertir com as figuras que carregam a história, exceto por uma iguana mascote que desperta alguma simpatia e tem momentos muito pontuais no filme ao estilo Scrat de A Era do Gelo.

Enfim, apesar de ser bastante sisudo, No Mundo da Lua não é amarrado e forte suficiente para ser considerado uma animação adulta e também não é leve e divertido suficiente para ser uma boa opção para crianças, um filme indeciso que por isso mesmo não acerta o alvo (seja lá qual fosse esse ele)… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…

2 Norris