E, pintou o favorito…? Aparentemente, sim. La La Land – Cantando Estações surge como um fortíssimo candidato da temporada do Oscar, credenciado pelo recorde de 7 Globos de Ouros. Muitos diriam que é só mais um hype de filmes musicais, que constantemente são privilegiados pelos nostálgicos velhinhos do Oscar (que já não são mais tão velhinhos assim, confira aqui), eu já diria que esses “muitos” precisam ver o filme…rs

O filme apresenta a história de Mia (Emma Stone), uma aspirante a atriz, e Sebastian (Ryan Gosling), um músico de jazz dedicado, que estão lutando para sobreviver em uma cidade conhecida por esmagar as esperanças e quebrar os corações. Ambientado na moderna Los Angeles, este musical original fala sobre a vida cotidiana e explora a alegria e a dor de um casal que persegue os seus sonhos.

Um incrível plano sequencial musical no meio de uma ponte com centenas de figurantes que, sabe-se lá quantas horas devem ter ensaiado para entregar uma abertura milimetricamente bem coreografada, onde o espectador não sabe para que lado olhar, já que por todo o canto do quadro parece estar acontecendo algo ainda mais interessante. Assim La La Land já dá um “soco” logo no começo com uma cena de dar coceiras em quem não gosta de musicais e, que de certo modo, assusta até mesmo quem gosta deles, já que fica o questionamento, será que vai ser o filme inteiro assim? Não ficará cansativo? Pergunta respondida em pouco tempo, com um belo equilíbrio que transforma o filme numa grande comédia.

Equilíbrio que vem principalmente, nas piadas do onipresente Ryan Gosling (Driver), que mostra aqui sua versatilidade indo de um astro de comédia de ação, como no ótimo Dois Caras Legais (confira aqui), até um músico de Jazz, sapateador nas horas vagas. Emma Stone (O Espetacular Homem-Aranha) também está expressiva como nunca e entregue as brincadeiras e dramas do filme.

Os dois representam o dilema do artista profissional, do modo mais simples e ingenuo possível, até mesmo na inevitável hora de esbarrar no real problema dos sonhadores, a “vida real”. Uma história que se repete com vários candidatos a artistas, talentosos ou não. Vários testes frustrados, indiferença, injustiça, necessidade de vender as convicções pela sobrevivência, enfim, um compilado de dramas muito humanos, projetados no filme de forma clara e direta, que inevitavelmente vai te envolver, independentemente de sua profissão.

 

O jovem diretor Damien Chazelle, do fantástico (Goddamitt, que filmaçoWhiplash – Em Busca da Perfeição, novamente impressiona, elevando a parte técnica a outro nível,  enquanto administra uma mistura de homenagem a era de ouro de Hollywood, com uma sátira discreta ao cenário atual.

A fotografia é uma aula, não só nos enquadramentos flexíveis e suas simulações de planos sequência, mas principalmente no domínio do jogo de luz, parece que a iluminação das cenas ganha vida própria e decide acompanhar os acontecimentos de acordo com sua vontade, assim como as diferentes paletas de cores usadas em cada “estação” em que o filme é dividido. O longa ainda ostenta uma montagem inteligente, muito pontual que não se perde no dinamismo que o filme exige.

A ótima trilha sonora pop com rajadas cortantes de Jazz clássico arrebata os fãs de música, e nos envolve de uma tal forma, que parecem também surgir instantaneamente de acordo como nosso olhar sobre o filme. É preciso dizer que apesar de partirem para uma escala bem menor, os números musicais continuam perfeitos após a cena inicial. Sem em nenhum momento, serem maçantes, lembram os grandes clássicos de Gene Kelly e Fred Staire, aqui com os surpreendentes Ryan Gosling e Emma Stone dando um show.

Enfim, La La Land – Cantando Estações, encontra um meio termo entre a coragem de fugir do mais óbvio e a necessidade de manter o filme otimista, partindo de uma premissa que em verdade, não tem nada de muito especial, o segredo do filme é, justamente, encorpar uma história aparentemente banal, com a magia hipnótica e clássica do cinema, capaz de fazer até os mais “mal humorados” pensarem em dar o braço a torcer… Confira o trailer e nossa Chuck Nota, logo abaixo.