Boneca Annabelle e Lulu Wilson

Estréia: 17/08/2017

Em um raro segundo filme que já conta um prequel, Annabelle a boneca inerte mais assustadora do cinema volta para mostrar porque chamou tanta atenção em “Invocação do Mal”, mesmo sem ser o foco do filme.

Em “Annabelle 2 – A Criação do Mal”, vários anos após a trágica morte de sua filha, um fabricante de bonecas e sua esposa abrigam em sua casa uma freira e várias meninas de um orfanato que foi fechado, e logo se tornam alvos da possuída criação do fabricante de bonecas, Annabelle.

Annabelle é um ótimo personagem, assustador, enigmático, e o melhor… que não faz nada, e o segredo é justamente esse, que você vai passar o resto da vida (ou dos filmes), esperando que ela faça algo, sem saber se ela é mesmo apenas um recipiente bizarro de forças ocultas, um símbolo, ou o próprio mal.

O estilo perseguição implacável do primeiro filme continua, com a mesma força e simplicidade de um único cenário praticamente, dessa vez uma fazenda que ainda oferece algumas opções de plano aberto interessantes. “Annabelle 2: A Criação do Mal” busca inspiração não só em seus antecessores da franquia da Invocação do Mal, como em outros grandes filmes de terror da última década como “O Chamado”, e sabe se aproveitar dessas referências de forma inteligente, mantendo o foco na “estrela” do filme. O longa explica um pouco melhor do que se trata a “maldição” da AnnaBelle e onde ela está realmente concentrada, estabelecendo “regras” que provavelmente serão seguidas nas sequências que vierem.

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O filme abusa do sobrenatural para dar soluções simples, nada revolucionário. Trabalha o suspense com sugestão de terror muitas vezes sem efetivá-la. Essa aura de suspense perde um pouco com a trilha sonora apagada, que não consegue dar corpo aos momentos de maior adrenalina.

Uma diferença perceptível, entre Annabelle e Inovação do Mal está na direção. David F. Sandberg é mais conservador do que James Wan, se o diretor da franquia original e sua equipe são sempre muito ousados nos ângulos, edição e nas escolhas na hora de contar a história, Sandberg se mostra mais preocupado em não cometer grandes falhas e não deixar o filme cair no limbo dos péssimos filmes de terror que tem sido lançados nos últimos anos. Entre seus acertos está o tom de comédia. Sim, ele existe, e não está ridículo, é perfeitamente aceitável dentro daqueles acontecimentos inexplicáveis.

Boneca Annabelle e Lulu Wilson

 

O padrão de qualidade que se mantém da franquia original, é que há novamente um elenco de nível no mínimo razoável por aqui. As duas atrizes mirins principais são carismáticas e colaboram muito para o bom uso da comédia que dá um ar ainda mais pop ao terror de Annabelle. Temos até um freira sexy, vivida pela bela Stephanie Sigman (série Narcos), que também entrega de forma correta a responsabilidade da personagem adulta da história.

Por mais incrível que pareça, “Annabelle 2: A Criação do Mal”, brinca com um tipo de universo expandido de “Invocação do Mal”, além das referências óbvias a si mesmo, já adianta chamadas para outros Spinoffs da franquia, mesmo que isso aconteça em momentos extremamente infantis, para ser sincero. Ainda dentro desse universo, Annabelle 2 também chega a momentos que deixam mais claros e lógicos os acontecimentos do primeiro filme.

Enfim, “Annabelle 2: A Criação do Mal”, sabe assustar sem apelar muito para jump scare (me lembro de um apenas), o que já representa um passo gigantesco em relação a outros filmes de terror da atualidade. Ele é o que nós chamamos de filme de “função”, sabe onde precisa chegar e o que precisa fazer para isso, não tem vergonha de seus clichês, e entrega exatamente o que se espera dele, nem mais, nem menos, o necessário para manter a sessão divertida (para quem está aberto a essa diversão). Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.