#Oscar2018

“The Post: A Guerra Secreta”, mostra que os bastidores da notícia podem ser tão ou mais interessantes que própria notícia. É assim que o trio de ouro, formado por Tom Hanks, Meryl Streep e Steven Spielberg se encontra pela primeira vez para entregar um dos concorrentes ao Oscar desse ano.

No filme, Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do The Washington Post, recebem um enorme estudo detalhado sobre o controverso papel dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e enfrentam de tudo para publicar os bombásticos documentos.

O filme começa mostrando uma rotina jornalistica que já não existe mais, e até por isso, traz um lado romântico para a profissão, jogando luz nos objetivos reais dela.  Josh Singer, que já havia roteirizado “Spotlight: Segredos Revelados”, outro grande sucesso baseado nos bastidores do jornalismo, agora visita um lado mais comercial do mercado, sobre o quanto os interesses podem afetar essa nobre profissão, e até que ponto um jornalista se distancia de outros profissionais.

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Apresenta-se o cenário do jornalismo nos Estados Unidos e o cenário da guerra do Vietnã, para mostrar que o jornal “The Washington Post” tem poucas alternativas de sobrevivência. Dentro disso, o roteiro constrói um nível de tensão inexplicável, ao ponto de você só respirar fundo quando os próprios personagens respiram. Num primeiro momento, a história parece toda muito morna, até crescer no segundo ato e simplesmente fervilhar em seu ato final. É, acima de tudo, uma história sobre ética e pressão, algo que esse tipo de profissional tem de conviver o tempo inteiro.

Como era de se esperar, colocar Meryl Streep e Tom Hanks na mesma cena é uma “covardia”. Meryl, que está novamente indicada ao Oscar, deixa quaisquer tipos de excentricidades de lado para desenvolver uma mulher com algumas inseguranças bastante humanas, das quais muitos espectadores irão se identificar, e que se tornam importantes para entender o arco de Kat. Para Tom Hanks fica a missão de encarnar um jornalista clássico e feroz, que pode botar tudo a perder por uma notícia, algo que com sua dedicação, o astro tira de letra. Ainda vale destacar Bob Odenkirk, conhecido como o advogado Saul Goodman da série “Breaking Bad”, que mostra personalidade e confiança atuando ao lado da dupla de pesos pesados hollywodianos.

Tom Hanks, The Post: A Guerra Secreta

Para completar o time, Steven Spielberg dá uma aula de cinema com sua direção hipnotizante, séria e divertida ao mesmo tempo. Do tipo que consegue arrancar suspiros de alívio, para logo em seguida fazer o espectador rir espontaneamente. Numa hilária cena, quase pós – créditos, também podemos confirmar que Spielberg mantém seu espirito aventureiro dos blockbusters para colocar aquela “cereja” de entretenimento, mesmo num drama tenso como esse.

Drama esse que conta com uma edição ágil e coerente para aumentar o clima de tensão e urgência, além de uma fotografia de encher os olhos, com takes surpreendentes e monopolizantes, como os que acontecem na produção física dos jornais.

Enfim, independentemente de seu desempenho no Oscar, o filme merece atenção, não só pelos três monstros do cinema contidos nele, mas por sua execução irretocável, que em nenhum momento se deita sobre esses nomes para entregar um filme mediano. “The Post: A Guerra Secreta”, é uma ode ao jornalismo, daqueles filmes que fazem muitas pessoas escolherem ou resgatarem suas profissões. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo…