Em Cartaz
Desde que teve seu trailer revelado, Festa da Salsicha despertou a curiosidade dos fãs da “zoeira” na internet. Se estamos numa era dos adultos que fazem das animações as maiores bilheterias, porque não entregar aos adultos uma animação improvável do qual eles não tenham nenhuma vergonha de ir sem as crianças?
Dentro de um supermercado, os alimentos pensam que as pessoas são deuses. Eles sonham em serem escolhidos por um eles e serem levados para suas casas, onde pensam que viverão felizes. Mas eles nem suspeitam que serão cortados, ralados, cozidos e devorados! Quando Frank, uma salsicha, descobre a terrível verdade, ele precisa convencer os outros alimentos do supermercado e fazer com que eles lutem contra os humanos.
Duplo sentido, atrás de duplo sentido (até essa frase ficou com duplo sentido rs), dezenas de referências caem no nosso colo e, é preciso estar atento para apanhá-las e se divertir com elas. Um dos maiores paralelos que o filme faz, acredite se quiser, é com religião. Os produtos do supermercado acreditam num lugar perfeito (paraíso) quando forem “levados”, cantam uma canção enaltecedora todas as manhãs (reza) e cada grupo/prateleira tem sua própria interpretação sobre a lenda do paraíso (interpretação da bíblia), e claro, tudo isso sem que qualquer produto tenha voltado para contar como é o tal “paraíso”. No entanto, tire da cabeça que o filme pode ser um chatice religiosa, pelo
contrário, ele é todo “torto”, tira sarro das religiões e suas convenções, assim como faz com todos os assuntos complicados que aborda (homossexualidade, intolerância religiosa, chenofobia, racismo e etc), sem se preocupar muito com a fúria que irá causar. Seth Rogen dispara ironias de um jeito inteligente, contesta temas polêmicos que pouca gente tem coragem de mexer. É inegável que Seth tem assinatura própria, e sabe o que faz em termos de comédias politicamente incorretas.
O humor de Festa da Salsicha não tem meio termo, definitivamente não pode ser visto por crianças, as piadas às vezes ácida, as vezes antigas , vão arrancar gargalhadas em muitos momentos e dependendo da pessoa, podem até causar algum desconforto também. O design dos personagens foi claramente desenhado para lembrar sexo, a bisnaga e a salsicha são os mais óbvios, mas muitos outros personagens tem esse cunho sexual.
Apesar de infelizmente vermos pouco do mundo externo (fora do mercado), essa terra dos deuses (nós) tem algumas das soluções mais criativas do filme roteiro. Como era de se esperar, o filme apresenta uma série de referências à cultura pop, e as melhores sem dúvida são do Exterminador do Futuro e Stephen Hawking.
Entrando na parte mais técnica, uma das maiores dúvidas dos brasileiros está na dublagem e adaptação do roteiro pela equipe de comediantes do Porta dos Fundos… E quanto a isso não há motivos para alarme, todos os palavrões estão lá, piadas de duplo sentido e etc. O pessoal do Porta também foi humilde o suficiente para deixar Guilherme Briggs, um dublador experiente, ser o protagonista do filme. O único porém dessa versão nacional está no vilão, que incorpora algumas frases conhecidas de um ex-BBB, forçadas e sem contexto.
Enfim, Festa da Salsicha é uma animação simples, bem finalizada e sem bobagens de 3D, que chega para acertar em cheio esse novo público de cinema. O mesmo público que fez de Deadpool um grande sucesso e que está ávido por mais filmes de piadas adultas, que não se levem totalmente a sério. O resumo para Festa da Salsicha está em uma de suas cenas finais… Você passa o filme esperando por algo (que a essa altura você já sabe o que é), mas acredite, você não está preparado para essa hora, tamanha é a despreocupação com que eles nos jogam em uma das cenas mais insanas dos cinemas nos últimos anos, com intuito de mandar uma mensagem de liberdade. Esse é Festa da Salsicha, um filme insano, cheio de discussões sérias disfarçadas e com uma capacidade impressionante de nos fazer rir do que não deveria (ou deveria)… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo.
