Ao contrário dos boatos iniciais, alimentados aparentemente pelo próprio Padilha , o filme tem bastante do diretor brasileiro, que faz aqui um trabalho interessante de resgate do personagem , modernizando-o e levantando alguns debates éticos , sem esquecer de nos entreter com cenas de ação bem ao seu estilo…

Em um futuro próximo, no ano de 2028, drones não tripulados e robôs são usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos ainda não pode ser realizado por eles, devido a uma lei que impede o uso de robôs para esta finalidade e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Para conquistar a simpatia da população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte.
Pois bem , ano passado ainda durante a fase de produção do longa , o diretor brasileiro Fernando Meireles (Cidade de Deus), deu uma entrevista polêmica onde dizia que em conversa com Padilha , o diretor de Robocop havia lhe reclamado da falta de liberdade criativa que encontrava em Hollywood, e que a cada 10 idéias que ele tinha para Robocop , 9 eram recusadas pelos produtores. José Padilha logo tratou de fazer uma “campanha”  para desmentir o colega , que teria entendido errado suas palavras.
A questão é que, se o Padilha reclamou de verdade , houve certo exagero de sua parte, o filme pode ter o
dedo dos produtores , principalmente no que diz respeito a garantir a censura 13 anos , mas é inegável que este Robocop tem o D.N.A das produções que impulsionaram o diretor até a meca do cinema mundial. Além da fotografia que muitas vezes vai parar naquela câmera de mão ágil e inconfundível de José Padilha , logo no primeiro ato do filme naturalmente somos levados a lembrar Tropa de Elite 1 e 2, trata-se de um longa policial bastante urbano, que costura com excelência as várias esferas de interesse e corrupção da sociedade (americana), também se levantam questões morais e éticas sobre manipulação da mente humana, e os limites da tecnologia na vida do homem. O longa faz propositalmente uma certa confusão na cabeça do espectador, sobre Robocop ser um homem controlando a máquina , ou a máquina controlando um homem, ao contrário do clássico dos anos 80, onde o robô policial tinha apenas lapsos de humanidade, nesta versão repaginada a mente de Alex tem total consciência de seus atos , o que no início pode tirar um pouco da personalidade do personagem, levando-o a parecer um  Homem de Ferro , ao longo do filme a necessidade de uma máquina tática de combate vai tirando a humanidade do policial, o que torna a trama toda mais interessante e devolve as características principais do robô policial .
Robocop também tem um ar menos imbatível que o antigo, tendo a armadura danifica com certa frequência , armadura está, que carece de um impacto visual, uma silhueta mais marcante, talvez prejudicada pela cor preta. Para conseguir sua censura baixa o filme segue a premissa da violência sem sangue, e se permite inclusive uma cena chocante e fantástica da revelação do que sobrou do policial por baixo da armadura
As sequências de ação são irretocáveis, apoiadas por uma excelente mixagem de som , e editadas de forma “seca”, destaque para cena inicial nas ruas do Oriente Médio que traz um baita aperitivo para o resto do filme. Em ditos momentos o argumento de Robocop lembra o Juiz Dredd dos quadrinhos, no “poder” capaz de prender , julgar e executar.
O contra – ponto entre o doutor com crises de consciência vivido por Gary Oldman e o empresário inescrupuloso de Michael Keaton, segura bem o roteiro do filme , com destaque para o eterno “Batman pescoço duro” , Michael Keaton que esteve confortável emulando um tipo de Lex Luthor na trama. Outra boa (e curta) presença é Samuel L Jackson, que interpreta um tipo de “Datena americano”, sempre jogando pimenta nas discussões de forma hilária . O mesmo não se pode dizer de Joel Kinnaman e sua total falta de carisma, o novo Robocop nem de longe consegue angariar simpatia do público, apático e frio demais acaba prejudicando o resultado final.
Enfim, Robocop foi um filme que dividiu opiniões nos Estados Unidos , talvez por tocar em algumas feridas que eles não aceitam que um brasileiro tenha tocado, de forma geral não há meio termo, quem gostou, gostou muito, e quem não gostou, realmente não gostou. É bem verdade que o ator principal deixa muito a desejar e falta um clímax que arrebate o público ao final da película, mas Robocop é sim uma ótima pedida, um filme divertido, com capricho nos detalhes , remake com identidade própria , que atualiza o policial do futuro com bastante dignidade.

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