Praia do Futuro: Crítica Especial

O maior ídolo do cinema nacional está de volta com o drama Praia do Futuro que já foi largamente comentado em festivais e chega no circuito nacional debaixo de bastante expectativa. Wagner Moura mais uma vez mostra poucos pudores quanto a arte de atuar e ao lado da equipe técnica entrega uma co-produção nacional bastante ousada..

A Praia do Futuro do título, fica no Ceará. No local Donato (Wagner Moura) trabalha como salva-vidas. Seu irmão caçula, Ayrton (Jesuita Barbosa), tem grande admiração por ele, devido à coragem demonstrada ao se atirar no mar para resgatar desconhecidos. Um deles é Konrad (Clemens Schick), um alemão que muda por completo a vida de Donato que se apaixona por ele. É quando Ayrton, querendo reencontrar o irmão, parte em sua busca em Berlim.
O diretor Karim Aïnouz tenta se desvencilhar de seu estilo direto de contar histórias com uma narrativa de três atos, um salto temporal grande, que sempre tem como foco a procura por algo na humanidade dos personagens.
O roteiro do longa, trabalha um tipo de subversão do herói, inclusive nos apelidos dos três personagens centrais (Aquaman, Motoqueiro Fantasma e Speed Racer). De certa forma, brincando com o ponto de vista infantil pelo qual eles são tratados em alguns momentos e que tentam explicar sua atitudes.
Donato é a base de tudo que acontece, em busca de auto conhecimento, ele oferece uma grande gama de possibilidades dentro da narrativa. Principalmente no que diz respeito ao dilema que está passando dentro de uma sociedade ainda pouco preparada para entender suas questões e decisões. Wagner Moura, então tem um trabalho corporal muito exigente para externar o que o personagem de poucas palavras precisa.
O terceiro ato, no qual Donato e Ayrton lidam com os “problemas” causados pelo alemão é o mais complexo. O fato de Donato ser visto por Ayrton como uma figura paterna lhe coloca um questão ainda maior, até que momento suas decisões podem influenciar as vidas dos outros, mais especificamente a de seu irmão.
O longa muda de visual, diferenciando o abismo dos dois mundos retratados, a Praia do Futuro e Berlim, e em paralelo com a própria vida dos personagens.
Enfim, por mais estranho que possa parecer pela premissa, o longa na verdade tem também uma valorização da figura masculina, o que ressalta onde recai o foco do roteiro. Praia do Futuro é um ensaio sobre compreensão, e vida em sociedade que traz boas reflexões… Veja nossa Chuck Nota logo abaixo…