Mortal Kombat 2021

Em “Mortal Kombat”, o lutador de MMA Cole Young, acostumado a apanhar por dinheiro, não faz ideia da herança que carrega – ou por que o Imperador da Exoterra, Shang Tsung, enviou seu melhor guerreiro, Sub-Zero, um criomancer de outro mundo, para exterminar Cole. Temendo pela segurança de sua família, Cole sai em busca de Sonya Blade por recomendação de Jax, um major das Forças Especiais que tem a mesma estranha marca de nascença na forma de dragão que Cole. Logo, ele terá de juntar suas forças com os outros guerreiros da Terra para enfrentar inimigos super poderosos de outra realidade, a Exoterra.

Não é muito fácil comentar um filme como “Mortal Kombat”, porque nós sabemos qual a proposta de um filme desses, não se espera (e não se deve esperar), um filme de Scorsese numa adaptação de um game de luta.

O prólogo de aproximadamente 7 minutos, não foi divulgado à toa. Esse momento é, sem dúvidas, a melhor parte do filme. Com excelente texto e fotografia, esses primeiros minutos mostram praticamente um filme à parte. Tem tensão e uma brutalidade bem contextualizada, muito inspirada em filmes clássicos de artes marciais.

Ao sair desse prólogo, o filme apresenta de forma ousada, um novo protagonista, um personagem que não existe nos games. Cole Young, é de longe o personagem mais desenvolvido do filme, e mesmo que os fãs dos games não se interessem tanto por ele, para o longa, pode ter sido uma boa escolha. Porém, apesar do desenvolvimento, esse personagem encontra dificuldades para ser a figura central de Mortal Kombat quando outros personagens icônicos surgem em tela. Personagens como Kung Lao e, principalmente, Liu Kang, trazem um carisma diferente e ficam maiores do que o protagonista em alguns momentos, mesmo sem que a história deixe espaço para isso, o que se torna um problema com o passar do filme.

Sub Zero vs Scorpions em cena do excelente prólogo de “Mortal Kombat”

Apesar de se tratar de uma narrativa aparentemente simples, o filme exagera nas explicações. Para ser mais exato, “Mortal Kombat” é completamente explicado numa cena expositiva com a Sonya Blade, que literalmente coloca tudo num quadro e esclarece para o protagonista (e para expectador). Depois disso, o filme se dedica a impactar pelo sangue e pela brutalidade, algo que se espera do Mortal Kombat, mas talvez com um pouco mais de contexto.

O longa se esforça para tentar trazer a experiência do fã do game para as telas. São muitas referências soltas e frases de impacto jogadas, justamente para fazer o “fan service”. Não faz tanto sentido para o filme que um personagem termine uma luta com a frase “Kano Wins”, por exemplo.

Porém, outro aspecto que poderia agradar os fãs dos games é colocado em segundo plano, que é próprio conceito do torneio de lutas. A competição inexiste, na verdade, a intenção dos vilões é exatamente evitar que aconteça a competição, mas para isso eles vão pra campo lutar contra os mesmos lutadores que os enfrentariam no torneio, ou seja, eliminar a competição em si, só tira um elemento interessante que o filme poderia ter explorado.

Enfim, o filme é competente em trazer as cenas de “fatality” prometidas, beirando o gore, como o próprio game. Mas se for apenas essa a intenção, será que faz tanta diferença assistir ao filme ou simplesmente um bom game play do jogo?