Casa Gucci, conta a história de como Reggiani (Lady Gaga), ex-mulher de Gucci (Adam Driver), planejou matar o marido, neto do renomado estilista Guccio Gucci. Na vida real, Reggiani foi condenada a 26 anos de prisão após julgamento em 1998.

Não é fácil chegar a casa dos 80 anos com a sensibilidade criativa de Ridley Scott, ainda que Casa Gucci talvez não seja o papa prêmios que se esperava, com certeza é uma viagem alucinante por um recorte histórico que desperta interesse naturalmente.

Certamente, não é um retrato agradável da família Gucci e, não é atoa, os familiares desde o início reclamam do filme. Gananciosos, traidores, vingativos… você pode definir os Gucci de várias formas, mas não como monótonos.

Há um tipo de montanha russa de estilos, que às vezes pode nos fazer perder a ligação com a narrativa. O filme faz comédia com muita consciência, mas a sufoca nas partes finais, negando a vocação absurda da própria história real.

A primeira parte do filme traz boas promessas, um filme cheio de irônia e um mergulho na extravagante indústria fashion, que nos prende rapidamente, porém, com o desenvolvimento da história, essa trama caótica cai cada vez mais num lugar comum de drama que não parece combinar tanto com o material.

Apesar de muitas passagens que não devem despertar tanto interesse (fraudes, conflitos de branding e etc), o que se recebe do novo trabalho de Ridley Scott é um filme com um esmero técnico impecável, e um olhar ácido sobre controversa família Gucci.

O elenco estelar é um capitulo a parte. Quando estrear, facilmente Casa Gucci será daqueles filmes em que o cartaz atrairá curiosidade. Adam Driver (“Star Wars – O Despertar da Força”), vive o personagem principal de forma contida, sem chamar muita atenção pra si, ao contrário de quase todo o elenco ao redor. Al Pacino mistura uma figura carismática com sua natural postura de “Poderoso Chefão” e conquista desde sua primeira aparição. Jared Leto (“Clube de Compras Dallas”), que aparentemente é proibido de interpretar um “personagem comum”, chega aqui com mais um personagem que o deixa irreconhecível e, que certamente, desvia a atenção toda vez que surge em tela, um cruzamento de genialidade com esquete pastelão, que vai despertar muitos sentimentos. Jeremy Irons (“Duro de Matar 3”), entrega o patriarca amargo da família, mas o filme é voltado mesmo para dar destaque a personagem que realmente faz essa história acontecer, Patrizia Reginna, também conhecida aqui como Lady Gaga. A cantora (e cada vez mais atriz), aproveita o excelente elenco para se colocar numa posição quase experimental, à vontade como em um de seus vídeo clipes, Gaga surpreende ao segurar a pressão ao lado de atores como Al Pacino. Existe um tom exagerado no retrato que Lady Gaga faz, mas não é algo tão condenável quando se analise sua inspiração real, que beira um personagem de novela mesmo.

A equipe de Ridley Scott, nos leva com competência as diferentes épocas em que o filme se passa, através de sua direção de arte. Mas, talvez, o público mais ligado a história, sinta falta de um “desfile de figurinos” mais condizente com o tema do filme.

Enfim, não se distraia completamente com detalhes, Casa Gucci está muito próximo de ser um clássico escapista adulto, que deve ter o tempo e as reprises a seu favor.