A Mulher Rei

Em “A Mulher Rei”, a general Nanisca treina um grupo de mulheres guerreiras para proteger o reino africano de Dahomey de inimigos estrangeiros.

Se você tem a impressão de assistir algo de “Pantera Negra” em “A Mulher Rei”, sua percepção não está de toda errada. Há de certo uma troca, a superprodução da Marvel se inspirou em grandes povos africanos, o que fica muito evidente na criação das guerreiras, Dora Milaje. Tal como um filme sobre um grande povo africano, como “A Mulher Rei”, se inspiraria em alguns elementos da adaptação da casa de ideias, numa tentativa de montar uma Wakanda mais realista.

Com uma introdução forte, o filme mostra rapidamente que tem objetivos ousados como ação, enquanto tenta fazer uma celebração à cultura africana sem grandes medos e explorando cada aspecto possível.

Esse recorte, vem com um vilão de pouca motivação e o argumento de vingança envolvendo Nanisca. Intrigas ao estilo de novela mexicana que trazem um melodrama que mais interrope o ritmo do longa, do que o ajuda.

Viola Davis e John Boyega em cena de “A Mulher Rei”

O conceito das “Agojie”, ainda que pouco realista, é um dos fatores mais importantes do filme. A força, a identidade e a disciplina, trazem para esse grupo um carisma especial que, obviamente, conta com o talento de Viola Davis, uma das maiores atrizes do cinema moderno, que novamente entrega um trabalho intenso e visceral, algo que não é novidade. Novidade é a ascenção da excelente Lashana Lynch (“007 – Sem tempo Para Morrer”), com uma presença de cena inacreditável, Lynch mostra empenho físico e uma simpatia que se relaciona com o espectador muito facilmente.

Vale destacar o excelente trabalho de figurino e direção de arte do longa que nos mergulha num universo muito específico, e de poucas referências no cinema.

Porém, essa embalagem de grande filme de ação protagonizado por um mega elenco, não pode esconder a discussão sobre o revisionismo histórico e a romantização do reino de Daomé e das próprias Agojie. O problema sempre se dá quando filmes como esse se aplicam o rótulo de “inspirado em histórias reais”, mas “limpam”, uma história pesada, de guerras, escravidão e tortura. Seria mais honesto se “A Mulher Rei”, tivesse seguido por um caminho totalmente ficcional, ai sim, com mais liberdade para inverter suas inspirações e usar apenas o que melhor se encaixasse na proposta do longa.

No fim, apesar do começo ousado, “A Mulher Rei” é um filme de ação convencional, com altos e baixos, boa vocação para blockbuster e mensagens precisavam ser passadas por esse filme, especificamente.