“A Fantástica Fábrica de Chocolates” tem, historicamente, o poder de dominar o imaginário de uma geração. O clássico filme de 1971 foi sem dúvidas um dos mais lembrados pelo público durante seus mais de 30 anos como única adaptação do famoso livro, até que a história foi revisitada em 2005 com uma versão estrelada por Johnny Deep, naquela época, certamente um dos maiores astros da terra. Um filme que dividiu opiniões, mas que nem por isso deixou de ser um dos grandes sucessos da época.

A grande diferença e vantagem do longa de 2023, é o fato de se passar antes das histórias que já vimos, ou seja, ter liberdade para se desprender das duas versões anteriores e evitar ao máximo as comparações (algo sempre muito inteligente quando os anteriores foram um sucesso).

“Wonka” se propõe a ser um filme de origem típico, onde vemos o personagem principal ainda tentando encontrar sua personalidade, aquela mais excêntrica que assistimos de forma diferentes ao longo dos anos. Para isso explora muito a imagem de Timothée Chalamet, que é um dos grandes astros do momento, e o mesmo vende bem a ideia do jovem em formação, com leves inspirações na versão de Gene Wilde (o Wonka de 1971)

O filme de Paul King (Paddington 2) aposta no visual nonsense, por vezes estranho, com uma honestidade que nos faz acreditar naquele universo e embarcar em sua criação. Além uma condução de narrativa praticamente de manual, completamente costurada.

“Wonka” é bem humorado, com bons encaixes de piada, principalmente quando colocadas nas falas dos personagens coadjuvantes, destaque para a ótima escolha do Hugh Grant (“Quatro Casamentos e Um Funeral”) como um tipo de Oompa Loompa esnobe de sarcasmo muito próprio. Assim como a vilã vivida pela vencedora do Oscar, Olivia Colman (“O Pai”).

Os personagens secundários contribuem de forma muito coerente para a narrativa, sempre preparam o palco para o protagonista parecer melhor e brilhar mais, parece algo comum, mas poucos filmes acertam isso, acreditem!

Os momentos dramáticos exageram um pouco no clichê. Outro aspecto que pode nos tirar do longa são musicais. As músicas não são ruins, são leves e tendem a agradar as crianças, mas existe um problema de mixagem de som que prejudica o encaixe de boca e voz de Chalamet e torna a experiência um pouco “fria” em determinadas cenas.

A simplicidade de “Wonka” traz sinais de clássico instantâneo, ainda mais com a longevidade que os filmes ganham hoje através de tantas opções pós janela de cinema.