Mais uma cinebiografia, diriam os céticos, mas o desafio de contar a história de uma das figuras mais polêmicas do cenário artístico brasileiro foi encarado e, vencido pelo diretor Mauro Lima (Meu Nome não é Johnny) e seu competente elenco encabeçado por Babu Santana. O filme é desprendido o suficiente para mostrar todas as nuances e defeitos de Tim Maia, sem medo de ofender seus fãs, com uma honestidade poucas vezes vista neste tipo de produção..

Tim Maia – O filme percorre cinquenta anos na vida do artista, desde a sua infância no Rio de Janeiro até a sua morte melancólica, aos 55 anos de idade, incluindo a passagem pelos Estados Unidos, onde o cantor descobre novos estilos musicais e é preso por roubo e posse de drogas.
Durante a coletiva de imprensa perguntamos ao diretor Mauro Lima se era difícil apresentar um personagem como Tim para esta nova geração, e ele foi enfático ao responder que não. Na verdade em sua opinião era muito mais difícil agradar quem verdadeiramente acompanhou a trajetória de Tim Maia, já que este novo público tinha uma imagem bastante superficial e, provavelmente, começaria a entender melhor Tim Maia através do longa. Mauro seguiu claramente este pensamento na concepção do filme, quando vemos logo no início que há uma linguagem jovem e descontraída para mostrar o adolescente Sebastião (Tim) Maia, arrumando confusões na Tijuca em meio a pausas cômicas, câmeras lentas e alguns ângulos bastante ágeis e divertidos.
O filme faz algumas felizes escolhas na hora de montar sua narrativa, uma delas é a de não ficar abusando de flash backs. A história começa com um episódio clássico de chilique de Tim Maia, para a partir dali mostrar a esse “novo público” qual o caminho percorrido pelo cantor até se tornar aquela figura. Nesse momento, entra outra boa escolha do diretor, um narrador; mas não o próprio Tim Maia, e sim seu amigo mais próximo, Fábio Fabiano (Cauã Reymond), que dá dinamismo e um ar de imparcialidade as passagens do filme. No primeiro ato vemos um Tim Maia simpático, sempre metido em encrencas, sua busca pela fama rende passagens bastante engraçadas interpretadas com muita competência por Robson Nunes, que transparece toda a vontade de Tim de sair do círculo vicioso da pobreza. Já no segundo ato, o diretor aproveita as mudanças de Tim, para mudar o tom do filme (inclusive na paleta de cores), após crescer como artista, Tim Maia deixa qualquer pudor que ainda tivesse e libera algumas características fortes, se mostrando individualista, oportunista, irresponsável e muito mais. Essa parte do filme deve muito ao seu protagonista Babu Santana, o ator apresenta uma atuação “mediúnica”, captando com clareza os pensamentos de Tim Maia fosse em sua estranha (e sensacional) fase “Racional” ou em seus momentos derradeiros, já sofrendo com sua personalidade auto – destrutiva.

Leia Também:
Veja o primeiro trailer de Busca Implacável 3
Keanu Reeves pode retornar para Velocidade Máxima 3

A musicalidade do filme também faz jus ao repertório inesquecível de Tim, o soul music swingado do cantor ganha alma nova na interpretação dos atores Robson Nunes e Babu Santana, que assumiram o desafio de regravar alguns dos maiores hits do astro. É fácil se pegar batendo o pé no chão, quando surgem os sons na telona (uma excelente chamada para os mais jovens estudarem sua discografia).
Tim Maia – o filme perde ritmo na viagem de Tim para os Estados Unidos, abusando de clichês e deixando a argumentação da trama confusa, até que sua volta para o Rio traga o público para a história novamente. Porém, esse retorno faz com que o filme também encontre mais alguns pontos fracos, como o ator George Sauma na pele de Roberto Carlos, exageradíssimo com os trejeitos do cantor, lembra uma esquete de Hermes e Renato e quebra totalmente em sua aparições (com destaque para a vexatória primeira aparição depois de famosos). Outro problema é Alinne Moraes, que apesar de esforçada, não consegue acertar a dose dramática que a mistura de amores de Tim Maia precisava.
Enfim, como disse lá no início o filme Tim Maia tem um cuidado histórico minucioso, mas claramente, chega com seu olhar voltado para o público jovem. Tim Maia é de longe a melhor cinebiografia do cinema nacional e apresenta sem medo um desbocado, polêmico e extremamente talentoso Tim Maia. Veja nossa Chuck Nota logo abaixo.

Gostou? Deixe seu comentário e siga – nos nas Redes Sociais !!!

       

É isso ai …Has Tela Vista…O Cinema em Ação !!!