Não se deixe enganar pelo nome, apesar de mal escolhido e parecer o nome de mais uma comédia nacional genérica, Entrando Numa Roubada é, pásmem, um thriller de ação nacional. Com um argumento original interessante e boas intenções, o filme traz uma ousadia que anda sumida no cinema brasileiro apesar de sofrer um pouco com a falta de recursos e experiência das produções brazucas…
Em Entrando Numa Roubada, quando ganha um concurso de roteiros e como prêmio R$ 100 mil para produzir um filme, Vitor (Bruno Torres), um ator mal sucedido, busca seus antigos e fracassados colegas. Laura (Deborah Secco) e Eric (Júlio Andrade), atores e Walter (Lúcio Mauro Filho), que é diretor, topam participar do filme “Aceleração Máxima”, que se passa na estrada e tem assaltos a postos de gasolina, tiros e perseguições no enredo.
Entrando Numa Roubada tem uma proposta nova, desafia uma pouco as convenções do cinema nacional atual, que segue a fórmula básica que vem levando muita gente aos cinemas (e isso não é de todo mal). A primeira grande diferença vem na despretensão quanto a comédia, mesmo com um protagonista comediante (Lúcio Mauro Filho), o que temos é humor negro, sem piadas inicialmente muito claras, mas situações engraçadas pelo contexto do filme, como a derradeira cena do filme fictício “Aceleração Máxima”. A edição constrói um ritmo marcante, sem perder muito tempo com explicações, deixando as cenas auto-explicativas, enquanto a fotografia se aproveita do preceito de “road-movie” para homenagear alguns gêneros americanos, em determinado momento facilmente se encontra alguma referência do velho oeste, que acrescenta o tom de vingança que o filme procura desde o início.
O fato de Entrando Numa Roubada “reproduzir” o processo de filmagem de um filme de ação com baixo orçamento, estabelece logo de início uma ligação estreita com o próprio longa. Repleto de boas ideias e esforço, fica claro que alguns zeros a mais no orçamento teriam feito a diferença e tornado o filme mais crível, mas ele também sabe brincar com esses problemas em forma da paródia com o cinema de ação de alto orçamento.
Mesmo sem o dinheiro das grandes produções americanas, o diretor André Moraes foi inteligente em pegar alguns aspectos narrativos “baratos” de se fazer, mas que fazem sucesso internacionalmente, como o conceito de grupo. Podemos citar vários sucessos esse ano que comprovam isso (Velozes 7, Vingadores e etc). O time principal funciona com aquela velha lógica das personalidades diferentes que se completam, e fazem o jogo de mentiras do roteiro ser mais divertido, já que o tais assaltos do filme que estão gravando são reais, com vítimas reais, mas metade do elenco pensa que é tudo encenação.


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O elenco é bem montado, fazendo uma mescla de atores mais experientes com jovens, com destaque para o ótimo Lúcio Mauro Filho, Deborah Secco, que vem mostrando um consistência interessante no cinema, Júlio Andrade, claramente um bom ator que não escolhe bem seus filmes e Bruno Torres, pouco conhecido do público, mas que tem um desempenho surpreendente sem ser o centro das atenções. O ponto fraco, não só do elenco, como do filme é Marcos Veras, e para ser honesto não se pode colocar toda responsabilidade nele (apesar de a coisa mais interessante de sua carreira ser uma imitação do Luan Santana), seu personagem, o vilão do filme (um pastor evangélico mau caráter por natureza) é muito mal desenvolvido de sua criação a execução. Com falas exageradas, reforçadas por uma atuação forçada, que pressupõem como funciona o mundo dos pastores multimilionários da Tv, o tal pastor parece ter saído de alguma esquete humorística ruim, e todas as sua interações dele ficam deslocadas e estragam o ritmo do filme, deixando a impressão de que um vilão “não presente” teria causado um efeito melhor a história.
Existem muitas pontas soltas que os mais detalhistas vão reclamar, como o fato de uma equipe de atores acreditar que está sendo filmada sem ter qualquer indício disso, perseguições que terminam com muita conveniência e tiros estratégicos em partes do corpo com bolsas de sangue, detalhes que alteram, mas não estragam o entretenimento em si.
Enfim, Entrando Numa Roubada já merece crédito pela boa ideia, seus problemas pontuais podem ser encontrados em todos os blockbusters americanos, com a diferença de que esses tem a experiência que o cinema brasileiro está longe de ter. Com certeza, se existe uma fórmula de fazer filmes de ação com baixo orçamento, Entrando Numa Roubada a abraçou de forma competente e entrega um certo frescor ao já cansativo repertório nacional que encontra algumas boas “pérolas” de tempos em tempos. Veja a nossa Chuck Nota do filme logo abaixo…



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É isso ai …Has Tela Vista…O Cinema em Ação !!!