Em um bom início de ano para o cinéfilos, os fãs ganham uma homenagem (e crítica) a sétima arte sob a batuta de Damien Chazelle (“La La Land”).

Em “Babilônia”, somos apresentados a Hollywood dos anos 1920, mergulhada na decadência, depravação e excessos, em meio a transição do cinema mudo para o cinema falado.

O filme luta contra sentimentos opostos e muito claros, o dedo de Damien Chazelle sempre está pronto para apontar o lado apaixonante do cinema, ao mesmo tempo que crítica o que acontece nos bastidores. Do esforço das equipes para conseguir aproveitar a luz natural, até a burocracia pedante do tipo de modelo de uma câmera que faz pouca diferença no resultado final, Damien não deixa passar nada sem ótimos e sarcásticos diálogos. Fato é, que ainda na tentativa de mostrar esses sentimentos, o diretor erra a mão justamente ao tentar, literalmente, tirar o “elefante da sala”, com algumas escatologias desnecessárias e conexões frágeis entre certos acontecimentos e a vida dos personagens.

Elenco do filme conta com nomes como: Tobey Maguire, Brad Pitt e Margot Robbie

A reconstrução histórica é impressionante em todos os detalhes, passeamos por estúdios famosos, grandes sets de filmagem com diversos filmes sendo gravados aos mesmo tempo (peculiaridades e possibilidades do cinema mudo). É uma babilônia de estilos, cores, personalidades… uma “boa bagunça” para quem se entregar a ela, com destaque para a incrível cena da primeira festa, onde você não sabe bem pra onde olhar, tamanha a criação e inquietude da cena.

Muito dessa magia cinematográfica vem por causa de Margot Robbie (“O Esquadrão Suicida”), hipnotizante, e aqui não falo só de beleza, mas da simplicidade com que ela consegue impor sua presença em cena e chamar a atenção em cada canto da tela. Brad Pitt encarna com elegância o astro decadente que não consegue se adaptar ao “novo cinema”, tão distante do próprio Brad Pitt, que há décadas entrega trabalhos diferentes e se mantém como uma das grandes lendas vivas do cinema. Destaque também para Diego Calva com seu Manny Torres, que representa o trabalhador do cinema, aquele que resolve problemas enquanto os super astros os causam.

Como é de costume nos filmes de Damien, a trilha sonora ultrapassa a tela, dá ritmo e faz da experiência um momento único.

Enfim, “Babilônia” é um filme grandioso que reflete sobre cinema, sobre o ciclo do sucesso e, principalmente, sobre como a arte é moldada pela recepção de quem a consome, como o próprio filme conclui em seu super vídeo clipe final.