Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), é um homem lutando para se integrar à sociedade despedaçada de Gotham. Trabalhando como palhaço durante o dia, ele tenta a sorte como comediante de stand-up à noite… mas descobre que a piada é sempre ele mesmo. Até que uma decisão causa uma cadeia de acontecimentos que mudarão sua vida para sempre.
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É nesse cenário que também discute um pouco a luta entre classes, que encontramos Arthur, uma figura naturalmente trágica e que carrega consigo um caminhão de problemas.
Antes que comecem as polêmicas sobre o “endeusamento” de vilões, “Coringa“, em nenhum momento, posiciona o personagem como herói. O longa se aprofunda nos impactos de diversos tipos de abusos psicológicos e físicos que as pessoas sofrem, mas não tenta encontrar justificativa razoável para as atitudes do vilão. É simplesmente um filme de origem e desenvolvimento.
O diretor Todd Philips, também joga com a nossa percepção ao ponto de ficarmos muitas vezes com dúvidas sobre o que é real ou imaginação de Arthur (dependendo de sua interpretação, isso pode durar até o final).
Todd Philips, conhecido pela trilogia “Se Beber, Não Case“, é uma grata surpresa na direção de um filme nesse nível de expectativa. Ele e sua equipe de fotografia e design de produção criam referências visuais que casam perfeitamente com o crescente clima de tensão do filme, sempre com muitas cores e contraste, na melhor linha vida de “palhaço triste“. O diretor também é certeiro nos detalhes, mostra os tiques e maneirismos de Arthur de uma forma propositalmente incômoda.
A trilha sonora assinada por Hildur Guðnadóttir (série Chernobyl) é sempre densa e na grande maioria das vezes melancólica, o que aumenta a sensação de desconforto com as situações vividas por Arthur.
O longa tem um ou dois momentos onde se tenta acelerar a transformação do Coringa, no entanto, nada irá te preparar para a hora da virada de Arthur. “Coringa” é tenso, você nunca sabe o que esperar e muitas vezes as expectativas se invertem. Aliás, esse é um dos grandes trunfos do filme, te deixar incrédulo, fazer os momentos mais chocantes surgirem sem qualquer preparo.
“Coringa”, tem uma violência gráfica forte (é para maiores de 18). Ela não é não está o tempo todo no filme, na verdade até demora a surgir, mas quando surge, o clima pesa e não tem volta.
Mas uma da maiores expectativas sobre o longa é em relação ao Joaquin Phoenix. Desculpe repetir o termo, mas nada também vai te preparar para a perturbadora atuação do ator. Indicado (e injustiçado), três vezes ao Oscar, Joaquin Phoenix não decepciona. Apesar de lembrar fisicamente o Coringa de Heath Ledger (e o filme até colocar uma ou outra cena que homenageie tanto Ledger quanto Jack Nicholson), essa interpretação é totalmente nova. Joaquin Phoenix entende o Coringa como uma figura realmente trágica, solitária e insana. O ator que emagreceu horrores para interpretar o personagem (23 kilos), se aproveita dessa aparência mais frágil para entregar momentos que chocam… se contorce, modula a voz, abusa das risadas, enfim, usa todos as ferramentas possíveis de atuação para mostrar a que veio. Não é exagero das primeiras críticas gringas… Joaquin é, desde já, um forte candidato ao Oscar novamente. O que traria uma curiosa situação do mesmo personagem render dois prêmios a atores diferentes.
Entre os coadjuvantes destaque para a mãe de Arthur, vivida por Frances Conroy (que coincidemente esteve em “Mulher Gato” de 2004), e para o Murray de Robert De Niro. Esse que além de entregar uma atuação sempre competente carrega referências da carreira do próprio (“O Rei da Comédia”) e muita importância para o nascimento do Coringa.
Se há alguma ligação com o Batman? Bom, é difícil contar a história de uma vilão do Batman sem entrar nesse mundo de alguma forma. Não vamos escavar spoilers sobre isso, mas o filme é contextualizado sim no universo do homem morcego.
Enfim, temos um provável novo clássico de quadrinhos. De digestão bem mais difícil do que um “O Cavaleiro das Trevas” , por exemplo (e nem comparemos com nada da Marvel). Certamente um dos roteiros mais maduros da história do gênero, esse não é um filme de quadrinhos comum e nem é inspirado em um arco específico (pelo menos não a fundo), é um estudo de personagem… e um dos mais competentes que já se viu, inclusive… Veja o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo…
Cena pós – Créditos: Então… Não tem, “Coringa”, não tem cena pós créditos, amigo ! Pode ir embora, assim que conseguir rs.
ERRATA (02/10/19): O filme tem classificação etária de 16 anos e não 18 como dissemos no texto (e na verdader deveria ser rs).